Os onze vereadores da Câmara Municipal de Apucarana, no norte do Paraná,
aprovaram por unanimidade, em primeira discussão, o projeto de lei que obriga
alunos das redes municipais a rezarem a oração do ‘Pai Nosso’ antes de iniciar
as aulas. A sessão foi realizada na segunda-feira (25). A Associação Brasileira
de Ateus e Agnósticos (Atea) reprova o projeto e afirma que a lei quebra de princípios
dispostos na Constituição Federal.
O vereador José Airton de Araújo Deco, autor
do projeto, conta que a medida é importante para combater a violência nas
escolas. “Além de aumentar a religiosidade entre os alunos, uma coisa que,
na minha opinião, está escassa, acredito que isso poderá diminuir a violência.
Hoje a gente vê alunos respondendo e, em alguns casos, até ameaçando
professores e os próprios colegas de classe. Acho o projeto muito importante
para o município e acredito que não teremos problemas com relação à
aceitação”, explicou, em entrevista o G1.
“Isso já é rotina aqui na escola. Todos
os dias antes de começar as aulas nós fazemos uma reflexão e por último fazemos
uma oração. Acho isso importantíssimo para a educação dos nossos alunos. Não vejo
problemas e sou totalmente a favor da aplicação da lei”, relata a diretora
da Escola Municipal Dr. Joaquim Vicente, Celeste Helena de Olliveira.
Já a Atea reprova o projeto e afirma que a lei viola a liberdade de consciência
e crença. “As regras do estado tem que ser para todos e não para a
maioria”, afirma o presidente Daniel Sottomaior.
Daniel disse ainda que a lei fere
principalmente o artigo 19 da Constituiçao Federal, que determina que é vedado
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios: estabelecer cultos
religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou
manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Sottomaior afirmou também que já acionou os
advogados para entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN),
solicitando uma liminar para que a lei seja cancelada.
Caso que virou polêmica
Em abril
deste ano, as aulas Colégio Estadual General Carneiro, em Roncador, a 400 km de
Curitiba, foram suspensas pela direção após um aluno de 16 anos
se recusar a participar de uma oração. Ele foi retirado da sala
e denunciou a atitude da professora à Associação Brasileira de Ateus e
Agnósticos (Atea).
Assim que foi contatada, a associação
encaminhou um ofício à escola orientando sobre os direitos legais de ateus e
agnósticos. A diretora do colégio disse que o problema foi resolvido após uma
reunião em que o conselho diretor determinou que não pode mais haver rezas em
salas de aula.
Fonte: http://g1.globo.com/parana/noticia/2012/06/vereadores-aprovam-obrigatoriedade-de-pai-nosso-antes-de-iniciar-aulas.html
Depoimento de A.B.
Olá, tenho 17 anos e desde fevereiro desse ano, após um acidente, eu venho pensando muito sobre as religiões e sobre a existência de um deus. Minha família por parte de mãe é, praticamente, toda evangélica, e eu cresci nesse ambiente onde diziam que eu deveria sempre acreditar em jesus como o único salvador e ir sempre na igreja, mas acho que desde pequena esse nunca foi meu ambiente. Quando eu era bem nova, com uns 5 anos, eu chorava e não aguentava ficar na igreja, afinal eu nem entendia o porque de estar ali. Lembro-me que minha avó colocava eu e minha prima numa salinha com várias outras crianças e com uma ‘professora’ que ficava falando das histórias bíblicas, e a única coisa que eu queria era sair dali. Pra que tentar colocar essas coisas na cabeça de uma criança?
Enfim, eu fui crescendo, sem frequentar a igreja, e com mais ou menos uns 9 anos minha irmã por parte de pai que é católica (mas hoje em dia nem tanto) disse que eu tinha que fazer primeira comunhão, porque ela tinha feito, que pra casar precisa fazer, etc. Por influência, eu tentei, duas vezes, e nas duas vezes não passei do primeiro dia de aula.
Após esses acontecimentos eu não me lembro de ter parado um minuto se quer pra pensar no que realmente acontece por trás das religiões, eu só dizia acreditar em Deus e pronto, não me questionava, não pesquisava, não procurava entender.
Após meu acidente, vi muitas pessoas me dando força, mas a maioria delas e principalmente a minha avó, diziam que eu sobrevivi graças a Deus. Não sei como ou porque, mas eu comecei a me questionar sobre tais acontecimentos do mundo, sobre se Deus realmente controlava a vida das pessoas e os fatos que ocorrem em suas vidas, e então conheci a ATEA. Ninguém me mostrou a página, eu apenas achei e fui percebendo a realidade que está bem debaixo do meu nariz e que eu nunca enxerguei: o que acontece e deixa de acontecer na nossa vida são consequências dos nossos próprios atos e escolhas.
Eu não sou ateia, acho que para se tornar realmente um ateu deve-se ter muito conhecimento, ser bem informado e principalmente, saber falar sobre as religiões sem ofender quem quer que seja. Eu me considero agnóstica, pelo fato de ser uma pessoa com muitas dúvidas e incertezas, e acho que todos deveriam ter dúvidas, pois ignorante é aquele que tem certeza das coisas.
Hoje eu tive uma pequena discussão com a minha avó, ela sempre com o mesmo discurso de ‘está escrito na bíblia’ e que ‘só serás salvo se aceitar Jesus como o seu único salvador’. Eu não quis discutir tanto, minha avó é uma pessoa idosa, com princípios conservadores, viveu em uma época diferente da minha, e não entende que do mesmo jeito que ela considera a religião dela a ÚNICA certa, as pessoas de outras religiões também acham a deles a única certa, logo penso que todos nós somos ateus com os deuses dos outros, né.
Eu não sigo nenhuma religião, não apenas por ter as minhas dúvidas, mas por saber o quanto a religião trouxe guerra pra esse mundo, discórdia e morte. É muito triste pensar que uma crença, uma opção de cada um pode gerar tantos conflitos desnecessários. Eu sou uma pessoa que só quer que o bem reine nesse mundo, que as pessoas sejam boas com os outros e com si mesmos, que preguem o amor, a paz e a conscientização. O mundo realmente seria melhor se as pessoas fossem mais racionais, tivessem suas próprias ideias, e se não vivessem com medo de ‘pecar’ ou de ir para o inferno na hora do julgamento.
Ninguém sabe o que vai acontecer depois da morte, então deveríamos viver a nossa vida aqui e fazendo coisas boas, pois é aqui onde tudo acontece, onde nós fazemos o nosso destino, só nós e mais ninguém.
Obrigada.”
Fonte: https://www.facebook.com/ATEA.ORG.BR/posts/408381899192398
Depoimento de N.F.
Semana passada estava na escola na hora do intervalo conversando com minhas amigas, brincando entre outras coisas como de costume, e não sei como acabamos entrando no assunto religião eu tentei disfarçar e deixar o assunto de lado, mas não foi isso que aconteceu. Uma de minhas amigas começou a falar que eu devia ir a igreja me confessar ao padre e se possível me batizar (achei um absurdo mais enguli seco.. ). Ao perceber que eu estava incomodada com o assunto, uma delas tentou ajudar a acabar com a conversa mas a outra insistia no assunto. Não queria magoá-la mas aquilo estava me deixando nervosa e com calma falei ‘tem como pararmos com o assunto? Afinal de contas eu não acredito em Deus… sim, sou ateia’. Ela me olhou com cara de nojo, se levantou da cadeira e se distanciou de mim. Tentei falar com ela e fui completamente ignorada.
Perguntei a uma das meninas o motivo de ela ter ficado brava comigo e ela respondeu que a ‘garota’ disse q não queria andar com pessoas que mexiam com demônios e que sentiria vergonha de andar ao meu lado …
Sim, eu fiquei muito chateada, afinal de contas tínhamos uma amizade de um ano e simplesmente por não termos a mesma crença, ela não poderia ser minha amiga? Mexer com demônios?! Por que eu mexeria com algo em que nem mesmo acredito? Eu andava com uma menina fanática por religião… nunca desprezei e sempre respeitei a opinião dela, o legal foi ver a sua reação ao ter ouvido aquela frase… apesar de tudo, as outras continuaram conversando comigo e pediram para eu ignorar.
Acho que eu é quem estou sentindo vergonha de mim mesma, afinal de contas eu considerei amiga uma menina que nem ao menos aceita eu ser Ateia =\
Obrigada.
Depoimento de D.J.
Cresci numa família de pais separados. A família de minha mãe era católica e a do meu pai era evangélica. Desde criança, nunca gostei de nenhuma religião e já desafiava o meu pai com perguntas que ele não podia responder.
Por parte da família de minha mãe, com quem eu morava, nunca tive problemas religiosos, já por parte de pai, eu era repreendido quando falava que deus não existia e era ‘obrigado’ a ir à igreja com ele. Na minha adolescência tive os meus cds de rock confiscados, pois ‘toda banda de rock tem pacto com o demônio’.
Confesso que sempre tentei seguir uma religião, cheguei a ir na católica por vontade própria e também por influências da família da minha mãe, que dizia que todo mundo devia ter uma religião, mas não conseguia ser ‘tocado’.
Com o tempo, cansei de toda essa baboseira, comecei a ler mais sobre ciência e juntei os fatos com o que eu já pensava, e resolvi assumir o meu ateísmo. Porém, minha mãe continuava falando o velho jargão na hora de ir deitar (‘dorme com deus’) e eu, por educação, respondia automaticamente um ‘Você também’.
Quando tinha 18 anos, comecei a namorar uma garota cuja família na época estava frequentando a igreja católica. Digo na época, pois eles já tinham frequentado outras igrejas, tais como testemunhas de jeová e a própria evangélica, mas começaram a ir na católica e o meu sogro achava que os seus filhos tinham o dever de acompanhar. Eu falava baixinho num canto para a minha namorada que não queria ir, mas ela me convencia, falando que se eu não fosse ele ficaria aborrecido e poderia gerar problemas. Foi essa história por uns 2 anos, até que ele parou de frequentar a igreja e passou a ser católico apenas em datas cristãs, oração e músicas de deus no natal e na páscoa.
Naquele ano, a família deles foi embora para a capital de um estado do sul, mas antes de comprarem sua casa lá, teriam que vender a deles aqui no interior de SP. Eles tinham parentes lá, e a ‘tia’ ofereceu a sua edícula de fundo para eles ficarem até venderem a casa antiga e comprarem a nova.
O problema é que essa tia e toda a sua família são daqueles evangélicos que não respeitam sequer os demais cristãos. Tudo o que acontece de bom foi obra de deus; se acontece algo de ruim, deve-se buscar mais ainda deus, pois o diabo está querendo te derrubar.
Algumas semanas depois, a família de minha namorada começou a frequentar a igreja com eles. Minha namorada não foi embora com a família, pois estava fazendo faculdade no Paraná. Faculdade de ciências, ciências biológicas. Minha namorada nunca foi teísta, ela encarava um lado um pouco agnóstico, mas não falava isso para não chatear seus pais.
Um belo dia, minha namorada me ligou chorando, falando que seus pais a ligaram muito bravos, pois tinham visto as coisas que eu compartilhava da ATEA e também não gostaram de um compartilhamento que ela tinha feito, que colocava a ciência vs. a religião (minha namorada é apaixonada pela ciência, e depois que começou a estudá-la na faculdade, acabou assumindo um lado ainda mais agnóstico).
Nessa conversa dela com os pais no telefone, eles disseram que não aceitariam de maneira alguma ter uma filha com uma ideia dessas, pois onde já se viu não acreditar em deus? Que tudo isso era má influência minha e que não queria mais que nenhum de nós pisasse em sua casa. Disseram ainda que preferiam ter uma filha prostituta do que uma filha ateia e que nunca deviam ter deixado ela ‘se meter’ com a ciência e que não iriam mais sustentar ela na faculdade.
Eu fiquei chocado, tinha uma relação muito boa com eles, que agora, só colocavam coisas de deus no facebook, para mostrar para as outras pessoas quão bons eles eram.
Eles ficaram dias sem ligar para a minha namorada e sem mandar um centavo pra ela. Viajei até a sua cidade para apoiá-la naquele momento e também para levar uma grana pra ela que estava sem nem ter o que comer (sua faculdade é integral, o que torna impossível arrumar um emprego). Ela ponderou desistir da faculdade que era o seu grande sonho, mas eu não deixei, disse que daria um jeito de ajudá-la pelo menos até ela se formar.
Na semana que fiquei lá, sua cachorra (que na verdade era da família, mas como eles se mudaram para uma edícula não podiam levá-la até arrumarem uma casa definitiva) que é de grande porte ficou doente e eu tive que bancar os remédios também, pois seus pais se negaram e disseram pra ela se virar.
Até hoje a situação encontra-se indefinida, ainda não contei para a minha mãe do ocorrido, que também se mudaria para essa cidade, coisa que eles mesmos planejaram antes. Meus sogros dizem que não vão aceitar de maneira alguma ateus em sua família, e que eu e minha namorada somos os responsáveis por estarem separando a família.
Um abraço ATEA. Eu precisava desabafar essa minha história e esse preconceito que estou sofrendo por não acreditar em algo que nunca vi, nem senti, tampouco me provaram que existe.”
fonte: https://www.facebook.com/ATEA.ORG.BR/posts/407190142644907
Depoimento de Camila Reis
Sou Camila e tenho 15 anos. Vou contar um pouquinho da minha história, acesso o face da atea a um tempinho mais sempre que me dava essa ideia eu ficava com preguiça de pensar… Bom, desde criança minha mãe me levava pra igreja. Nunca fui de rezar ou a implorar a deus por nada. Mais como todos a minha volta acreditavam nesse deus, eu como era uma criança, achei que deveria acreditar também, que era o normal a se fazer. Meu pai era agnóstico, mais eu vim saber disso de uns tempos pra cá, pois mamãe sempre quis que eu fosse uma boa menina, que andasse segundo os caminhos do senhor, não queria que ele me influenciasse nesse quesito, ironia não?. mais eu sempre achei essa história de deus nada plausível. slá, como nunca acreditei em papai noel, porque vou acreditar em deus? se a única diferença é que um dava brinquedo e o outro levava para o céu? quando tinha 7 anos fiz esse questionamento pro meu pai, e ele perguntou: é isso mesmo que você acha Camila? e eu: sim… ele me olhou, meio que com um ar de orgulho, tipo de ” ela pensa por si ” na época não entendi muito bem. mais nunca comentei o assunto com ninguém, quando ouvi pela primeira vez essa palavra ” ateísta/ateia'” perguntei pra mamãe o que significava, ela me disse que era uma coisa muito ruim. por volta dos 13, minha mãe tentou se matar, e eu fiquei me questionando ” deus, porque? não era o senhor que tinha que dar forças pra ela? ” então, eu ouvi aquele silêncio. só que o silêncio daquela vez, foi devastador demais pra mim. eu comecei a pensar sobre o mundo, sobre tudo que acontecia nele, sobre como era injusto. e eu pensei: “é, cada um por si.” cada um por si, sem deus nenhum, foi difícil demais pra mim chegar a essa conclusão. tudo o que tinham me ensinado não passava de uma história, que nem o papai noel. foi difícil ver que eu estava realmente sozinha, que ou eu fazia algo, ou eu esperava a ajuda do nada. demorou pra eu me aceitar ateísta. fiquei desde então sem comentar isso com ninguém. só que a mais ou menos 6 meses atras, eu tive coragem de falar para todos sobre isso. minhas irmãs aceitaram de boa, meu irmão mais ou menos e minha cunhada insistia que “tu tem fé, só tá desviada, mais deus vai tocar teu coração”. antes disso tudo, ainda tentei ir pra igreja com a minha melhor amiga, que é evangélica, mais eu me senti uma boba lá, um monte de gente adorando o simples nada. a parte mais difícil creio, foi falar isso pra mamãe. ela viu um post da atea no meu face e veio a pergunta ” Camila, tu acredita em deus? ” e eu, admito, queria dizer um sim só pra vê-la satisfeita, mais só consegui dizer um não. ela passou um bom tempo dizendo que ia me levar pra igreja, pra eu recuperar minha fé. como se recuperar algo que você nunca teve de verdade? até hoje, se você olhar minha timerline, vai ver as várias postagens dela. quando fui pra escola em que estudo atualmente, eu não fazia ideia sobre o preconceito existente com os ateus, e eu aprendi isso das piores formas. pelo fato de lá ter um grupo de oração evangélico e eu ser a única ateísta de todo o ensino médio, as pessoas não aceitaram muito bem. tentam me converter até hoje. as únicas ocasiões em que eu fui lá nesse grupo foi para ver minha amiga cantar. o mais constrangedor é os professores querendo pregar na sala de aula, e eu como sempre protesto, dizendo que eu estou lá para estudar. os alunos me olham meio que mal encarado, mais eu tô nem ai, fiquei calada tempo demais. o pior momento na escola, foi durante a aula de filosofia, em que a estagiária começou a sair do assunto e falar de fé, já mandei esse episódio para a atea.org . em que uma menina virou pra mim e disse: por que tu não te cala? tu é minoria aqui. já tentaram me bater, mais essa minha melhor amiga evangélica me defendeu. mais apesar de tudo, eu tenho orgulho de ser quem eu sou. é tão bom não esconder isso. só quero que um dia esse preconceito dê uma aliviada. fico feliz em saber que esse é um dos objetivos da atea. e aos que leram esse post até aqui, quero falar que o caminho mais fácil é o mais confortante, porém cheio de mentiras. prefiro ir pelo caminho mais tortuoso, em busca da minha verdade.
fonte: https://www.facebook.com/ATEA.ORG.BR/posts/404105552953366
Depoimento de Eliel Freitas
Nasci num lar evangélico e até os 14 anos de idade freqüentava a igreja, tendo sido batizado e tudo mais. Como eles dizem, eu me “desviei” e me “reconciliei” aos 22 anos, na época já casado e com uma filha. Seguindo as crenças sem questionar, proibi que colocassem brincos na minha filha, que minha esposa usasse calça comprida, dentre outras besteiras. Com o tempo passei a estudar a Bíblia e comecei a questionar os absurdos contidos nela (na realidade, esse livro já não é levado a sério pela maioria dos evangélicos, grande parte deles nunca o leu).
Fui indicado para ministrar a escola bíblica, quando então passei a estudar de forma mais profunda a bíblia e então perceber que eu não poderia continuar ensinando algo que eu não, agora sim, tinha certeza de que não acreditava. Foi então que abandonei o cargo e no mesmo período (foi há 2 anos e meio) me separei e assumi minha posição de Agnóstico. Desde então tenho sido bombardeado de todos os lados pelos ex-irmãos de fé. Alguns, os mais velhos, ainda quando me encontram me saúdam com aquele ‘Paz do Senhor’.
Às vezes aqui em casa minha atual esposa (que também já foi evangélica quando criança) escuta músicas religiosas (antigas) e eu permito, pois trazem à memória a minha infância, pois eram as únicas que meus pais escutavam. No entanto, minha esposa sabe que não acredito nas mensagens repassadas por esse tipo de música e ela respeita a minha opinião (hoje ela já questiona muita coisa da religião).
O mais engraçado que quando alguém pergunta qual a minha religião e eu digo que sou Agnóstico sempre me perguntam: e onde é essa igreja? Kkkkkkk.
O que mais lamento foi o tempo que perdi dentro da religião, sem questionar, aceitando tudo que diziam. Tenho amigos lá, poucos respeitam minha posição. Um colega veio me dizer que eu tinha que respeitar a bíblia, que era o livro mais vendido no mundo. Eu retruquei: é o mais vendido, no entanto é o menos lido! Se eu tivesse lido os absurdos da bíblia antes, ao invés de ficar só ouvindo besteira de pastor, eu já teria largado tudo há muito mais tempo. Hoje adotei a frase da ATEA: ‘se mais cristãos lessem a bíblia, haveria menos cristãos’.”
Fonte: https://www.facebook.com/ATEA.ORG.BR/posts/403788626318392
Depoimento de Igor P. A. Falcão
Olá.
Estudei a vida inteira num colégio católico, tinha aulas semanais de educação religiosa, com missas nas datas usuais, como Páscoa, pentecostes, dia do patrono, etc. Aos 10 anos fiz o curso para primeira eucaristia. Aos 14 anos fiz o curso de Crisma, por escolha própria, meus pais já não me obrigavam mais. No ano seguinte fui monitos do curso de Crisma. Mas minhas razões não eram religiosas. Eu não costumava sair muito de casa sem meus pais, salvo casa de alguns amigos muito chegados. O curso de crisma, e a monitoria do curso me abriram uma brecha. Entre a saída do colégio e o horário do curso havia um intervalo de 3 horas, no qual eu frequentava uma loja que fiz amizade com o dono. As vezes eu até ficava tomando conta da loja sozinho. Eu adorava.
Após o término do meu ensino médio não frequentei mais igrejas, até que entrei para um grupo jovem em uma. Mais uma vez meus motivos não eram religiosos. Prefiro não falar, mas podem ter certeza que não eram.
Falei tudo isso para mostrar que, uma educação religiosa não me tirou a capacidade de pensar e questionar. Desde criança eu tinha preferência pela área das exatas, não consigo pensar diferente do mais próximo possível do método científico. Nunca tive fé. Eu perguntava as coisas nas aulas e sempre que a resposta envolvia fé, dogmas, mistérios, eu me frustrava.
Depois de alguns anos de faculdade resolvi me denominar agnóstico. Eu dizia que acreditava em deus, mas não seguia nenhuma religião.
Mas no fundo eu sabia que eu estava mentindo. Eu não acreditava nada. Não havia nenhuma evidência comprovada. Só pregação religiosa.
E finalmente resolvi assumir o ateísmo. Coloquei em todas as minhas redes sociais e passei a discutir o assunto com qualquer um que estivesse interessado. Virei praticamente um militante da razão. Isso gerou algumas brigas com familiares e amigos, mas eu não ia mudar quem eu sou para evitar brigas.
Mesmo assim, nunca me tornei uma pessoa preconceituosa. Aceitei ser padrinho de duas crianças há pouco tempo. Meu amor por elas não vai mudar por causa de nenhuma crença.
Meu conselho é, não se esconda, ninguém tem que viver numa prisão. Saia do armário.
E você que não é ateu, não discrimine quem é, a pessoa só não acredita no seu deus, assim como você não acredita no deus dos outros.
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”
– Albert Einstein
Essa frase é perfeita. Eu abri a minha mente. Eu li, pesquisei, pensei, refleti.
Faça isso você também. Tente!
Um abraço a todos, e obrigado por ter lido até aqui.
Depoimento de Danimar de Nardi
Virei ateu a mais ou menos 3 anos, quando entrei na tal ‘crise dos 30’, quando parei para relfetir que nada do que acontecia comigo de bom ou ruim era obra divina, mas apenas reflexo dos meus atos, pensamentos e ações. Não frequentava mais igreja a mais de 10 anos, pois aquele ritual de se ajoelhar, pedir misericória, achava humilhante demais! Quando criança fazia romarias penosas para agradecer a uma graça alcançada, e em seguida me questionava se Deus e aquele santo queria realmente aquele sacrifício, e a partir daí nunca mais fiz. Até que na adolescência resolvi fazer uma promessa diferente: Se conseguisse atingir tal coisa, iria doar todos os materiais escolares a uma criança pobre. De fato minha graça não foi alcançada, o que me revoltou e decidi nunca mais fazer promessa a santo algum! Chegou a maturidade, decidi experimentar algumas religiões e crenças, pois me sentia vazio espiritualmente. Eis que vieram as maiores decepções: Na umbanda percebia o teatro e crises psicóticas de quem se dizia incorporado, percebia claramente o distúrbio mental dos integrantes e a facada final no tal ‘trabalho para desmanchar macumba’. Nunca mais apareci. No espiritismo, segurei o riso nas tais desobsessões, onde percebia o teatro e mais crises psicóticas dos tais médiuns, que sempre afirmavam que eu tinha um ‘irmãozinho sem luz’ ao meu lado, o que de início me deixava mais incomodado do que antes de frequentar. Nunca senti arrepios, vento gelado na nuca, pesadelos com pessoas mortas, visões e outros sintomas de obsessão, e não tardou para nunca mais frequentar centros espíritas também…
Isso sem falar na tal cura da homossexualidade! Sim, sou homossexual e o pior de tudo foi numa igreja evangélica quererem me curar de minha opção sexual. Esta prefiro nem comentar pois tamanho absurdo mereceria linhas de desabafo! Não merecem sequer serem mencionados aqui… Uma religião que discrimina ao invés de pregar o respeito as diferenças e a todas as formas de amor não pode prestar!
Diante de tantos absurdos, tanta insanidade religiosa, percebi que a medida que ia me afastando da religião, minha vida ia enfim entrando nos eixos. Me encontrei profissionalmente, encontrei um grande amor que já dura 7 anos, encontrei grandes amigos, e arrisco dizer que longe de todas as crenças religiosas encontrei até a felicidade plena, pois hoje sou livre de amarras, de credos, de dogmas, de proibições, e vivo minha vida de forma plena, dentro da ética, da moral e do que é positivo. Hoje afirmo que minha religião é o amor por todas as coisas, por todas as formas de vida, pela natureza, pelas pessoas. E que a vida nada mais é do que nascer, crescer, se desenvolver e morrer. Sou grato pela vida, sei que essa é a única e que jamais sairei vivo dela, e me amo demais para desperdiçá-la com coisas sem fundamento e que jamais me levarão a lugar algum: Religiões.
Abraços!!! Danimar de Nardi”
Fonte: https://www.facebook.com/ATEA.ORG.BR/posts/403382923025629
Depoimento de Jennifer Lingerfelt Azevedo
Tenho 48 anos de idade, venho de família protestante, sou neta de pastor e uma boa parte da minha família poderia ser chamada “cristã fundamentalista”.
Sou ateia, com orgulho, e consegui, apesar de toda a influência externa, criar meus três filhos num ambiente onde a religião e a ideia de deus eram discutidas abertamente. Onde questões polêmicas como discriminação, intolerância e preconceito eram debatidos. Meus filhos cresceram sabendo que a homossexualidade era tão normal quanto a heterossexualidade. Que a única diferença entre “aquela mulher toda suja que estava pedindo esmola” e eu, é que eu tive oportunidades na vida e ela não. Que se ela tivesse tido as oportunidades que eu tive e eu não tivesse sido favorecida com essas oportunidades, nosso papeis poderiam estar trocados. Que cor é apenas um pigmento e não uma base para discriminação com algum valor. Onde dúvidas eram levantadas e experiências e acontecimentos comentados e discutidos, tudo na hora do almoço.
No início houve tentativas de me dizer como eu deveria criar meus filhos e sobre como eu estava agindo mal. Eu simplesmente fazia ouvidos de mercador ou, se a pessoa “engrossasse”, eu dizia que os filhos eram meus e a única pessoa com direito a dar opinião sobre sua criação era o pai deles. Acontece que o pai, católico não praticante, não se importava com orientação religiosa e não interferiu. Também houve problemas com uma das escolas onde estudaram, onde fui chamada na diretoria porque minha filha apresentou a teoria da evolução quando “deveria” ter abordado o criacionismo. Minha conversa com a diretora foi linda, ela se viu totalmente sem argumentos.
Às vezes alguém pedia para levar um ou mais dos meus filhos para alguma igreja, eu perguntava se ele(a) gostaria de ir. Em tendo uma resposta positiva, eu arrumava a criança devidamente e orientava dizendo simplesmente que o local aonde iria deveria ser respeitado porque era muito importante para as pessoas que estavam lá.
Quando voltava a gente conversava sobre como foi, e sobre o que ouviu, e isso apenas me dava mais material para trabalhar e argumentar e discutir com eles.
Resultado, dos meus filhos, já universitários, um é ateu e os outros dois são agnósticos. Todos têm amigos de diferentes orientações sexuais, sem nenhum grau de desconforto. Eles têm amigos em todas as classes sociais e nunca fizeram distinção por cor ou outro.
Criei meus filhos, sem religião, sem deus, com base apenas em princípios éticos e morais básicos. São pessoas normais e boas, com um futuro promissor pela frente e eu tenho muito orgulho deles.
Fiquei muito feliz de descobrir a ATEA.org, pois eu não sabia que existia, e espero poder ajudar a fazer as pessoas entenderem que somos pessoas normais, nem boas nem más por sermos ateus ou agnósticos, apenas pessoas tentando viver suas vidas e que desejam apenas ter seus direitos respeitados.
Depoimento de Vera Menezes
Tenho 60 anos de idade e sou ateia desde a adolescência. Apesar de ter sido criada em uma família de católicos não praticantes e de ter sido batizada e crismada, nunca consegui seguir ou acreditar muito nas histórias fantásticas desse deus (faço questão de escrever com letra maiúscula), pois para mim é uma mera fantasia. Acho a bíblia um texto interessante como mitologia narrativa. Minha pior experiência aconteceu quando perdi um filho. Há 30 anos meu filho de 2 anos foi atropelado e teve traumatismo craniano. Durante os 3 dias de agonia no Pronto-Socorro de Belo Horizonte, o que mais ouvi foram menções a santos e a deus. Teve gente que quis me forçar a ir à Capela do Hospital e eu recusei. Os parentes faziam promessas para os mais diversos santos, mas a criança acabou morrendo no dia em que comemoraríamos seu aniversário de 2 anos com uma grande festa. No velório, repetiram-se as falas de que deus sabia o que fazia, etc. O mais cruel partiu de uma grande amiga que me disse: “Quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé”. Respondi que se o Deus dela era capaz de matar um inocente para angariar adeptos, eu tinha mais um motivo para não acreditar nele.
Acho importante dizer que “não perdi a fé” porque meu filho morreu. A gente não perde o que não tem. Nada disso. Não me revoltei e acho que encarei tudo com muita serenidade. Tive um raciocínio cartesiano. Uma criança de dois anos não poderia ter atravessado a rua sozinha na frente de um ônibus em movimento. A pessoa que estava com ele se distraiu, ele atravessou a rua e foi atropelado. Tive muita pena de meus parentes próximos, cujos santos não conseguiram ajudar meu filho. Não conseguiram porque, assim como os deuses, são meras lendas. Essas pessoas estavam em estado pior do que o meu.Houve outros episódios constrangedores. Uma vez meu carro foi roubado e meu pai fez uma promessa que me levaria a uma missa se meu carro aparecesse. O carro apareceu e como eu gostava muito dele, fui a tal missa, mas reclamei tanto que ele me disse que nunca mais faria isso.
No momento, ando cansada dos e-mails de amigos que insistem em me enviar mensagens religiosas por email, inclusive a tal amiga cruel. Eu nunca tentei convencê-los a serem ateus e gostaria de ser respeitada.
Fico impressionada com pessoas intelectualizadas que acreditam nessas lendas, mas nunca tentei convencer ninguém do contrário. Geralmente, não faço propaganda de meu ateísmo por não querer chocar as pessoas, mas ando tão cansada disso que resolvi comunicar meu ateísmo no meu bloghttp://veramenezes.blogspot.com/
Veja abaixo o que foi a gota d’água que motivou a minha afiliação a ATEA. Já enviei meu depoimento também pela página da associação e já depositei minha contribuição.
Obrigada,
Vera Menezes
Email 1
From: X
To: Vera Menezes
Cc: mais 36 endereços
Sent: Thursday, January 22, 2009 2:13 PM
Subject: ENC: BOM DIA ESTOU VINDO DA CASA DA K……, B….. e D……
Bom Dia !!! Bom dia!Estou vindo da casa da C…, E…, H….. e J…..
Receba-me com todo carinho e me encaminhe para outras casas.
Tenha um abençoado dia!
Ele chegou hoje de manhã, oramos, passamos algum tempo conversando e, agora, Ele está a caminho da Tua casa. Faça uma prece e passe adiante.Coloque o seu nome no lugar do meu para indicar de onde Ele está vindo…
Email 2
From: Vera MenezesTo: XSent: Friday, January 23, 2009 1:11 AMSubject: RES: BOM DIA ESTOU VINDO DA CASA DA K…., B…. e D….Você esqueceu que sou atéia?Vera Menezes (UFMG)http://www.veramenezes.comEmail 3
De: X
Enviada em: 23 de janeiro de 2009 08:50
Para: Vera Menezes
Assunto: Re: BOM DIA ESTOU VINDO DA CASA DA K…., B….. e D…..Não esqueci, não. Mas acho que Cristo foi um homem iluminado e super adiantado, cuja lembrança carrega uma enorme energia. E você há de convir que todo o Universo é composto de energia, não? Bj.,X
Email 4.
From: Vera Menezes
To: X
X, O mais difícil de ser atéia é que a gente não tenta convencer os outros que religião é uma bobagem, mas o assédio dos que têm religião é uma coisa insuportável. A humanidade teve muitos homens iluminados, muito menos machistas e onipotentes do que Cristo, mas nem por isso foram criadas igrejas e cultos. Eu, realmente, gostaria de ser poupada desse tipo de mensagem que considero uma total bobagem. Eu nunca vou “receber Cristo” em minha casa e muito menos repassar esse tipo de tolice. Desculpe minha indelicadeza, mas ando cansada desse tipo de coisa. Assim como respeito quem tem religião e não envio mensagens sobre a lucidez do ateísmo, gostaria que houvesse reciprocidade pelo menos por parte dos amigos. Nunca te enviei textos com argumentos sobre ateísmos, mas saiba que eles também circulam. Quando meu filho morreu você me disse “quem sabe isso não aconteceu para você aprender a ter fé”. Foi muito cruel de sua parte, mas minha tolerância conseguiu entender sua crença, mas agora aos 60 anos de idade, chega, né?
Abraço, Vera Menezes (UFMG)