O evento foi anunciado nesta coluna dias atrás, e contou com um público bastante interessado e bem infomado a respeito de laicidade. A professora Roseli Fischmann comentou sobre o problema da discriminação dos ateus e citou a Atea nominalmente e suas iniciativas mais de uma vez. Na seção de comentários dos participantes, uma senhora ateia (que não conhecia a Atea) fez uma pergunta descrevendo o caso Datena e perguntando sobre a influência da mídia na sociedade. Na plateia havia ao menos um membro da entidade, que veio cumprimentar e agradecer a presidência pelo trabalho da Atea.
Abaixo, a transcrição de alguns trechos relevantes das falas do jornalista José Luís Datena no programa Brasil Urgente de 18 de agosto:
“Olha, três bandidos invadem um sítio, roubam tudo que encontram, e antes de irem embora, estupram a mulher do caseiro. Com um detalhe: a moça tava grávida de três meses. Ela foi violentada na frente da filha de quatro anos. Quer dizer… que pena merece um sujeito que faz uma coisa dessas? Violentar uma mulher grávida, a mãe na frente da filhinha de quatro anos. Que pena merece? Ahn? Que pena o senhor acha que merece isso?E diz que violentaram várias vezes, não foi umavez só, não. Que pena merece um sueito desse aí? Falta de deus no coração. Fabíola Figueiredo, na tela.[…]
Agora, conversando cá entre nós, isso é ou não é ausência de deus no coração? Imagine a cena. Uma família humilde. Um caseiro, a mulher grávida esperando mais um filhinho, a filhinha de quatro anos de idade, esses marginais entram na casa, batem no pai, chefe da família, violentamente, batem na moça grávida e a violentam várias vezes na frente da menina. Com um detalhe: antes de violentar a mãe várias vezes na frente da menina e do pai, eles botaram a armana cabeça de criança de quatro anos de idade. Isso é ou não é falta de deus no coração? Ahn? Depois tem gente que ainda defende, ‘ô Datena, você é muito bravo com os coitadinhos dos marginais’. Isso não é marginal. Isso é demônio vivendo na Terra. Violentando uma mulher grávida na frente de uma criança de quatro anos de idade, a filha dela, com a arma na cabeça da criancinha, batendo no rapaz, num pai de família. Que pena o senhor que é pai daria para um cara dessesse fosse o senhor juiz? Que pena a senhora daria se fosse a senhora juíza? Ahn? Depois um bando de canalhas desses aí entra em confronto com a polícia e morr, aparece um monte de gente pra dizer ‘ah, a polícia é violenta, a polícia é isso e aquilo’. FALTA DE DEUS NO CORAÇÃO DESSES CANALHAS que ocuparam primeiro as ruas e depois simplesmente estão ocupando as nossas casas, violentando as nossas mulheres, armados até os dentes com o contrabando de armas que existe por aí apesar do combate da polícia federal […] Além da violência do assalto, os criminosos torturaram o caseiro, ameaçaram matar a filha de quatro anos e no final estupraram várias vezes a mulher grávida de três meses. Isso é realidade, isso aqui não é novelinha, não é coisa fabricada não, é o que tá nas ruas. É o que tá nas ruas, isso não é sensacionalismo. Essa é a dura realidade que se nfrenta nas ruas do Brasil. Nas ruas? Agora nas casas. Canalhas e pulhas, não? Ah… mas se passar pela justiça dos homens, deus leva esses caras pros quinto dos infernos e tomara que eles queimem com o demônio para o resto da sua existência. Que barbaridade que fizeram com essa família. Na tela.
[…] Que pena merece? Não vou dizer gente desse tipo, mas bicho. Nem um bicho. Coisa desse tipo. Que isso é coisa.[…] Que pena merece esse tipo de gente que não tem coração?”
A Atea recebeu ontem um link para uma fala do senador Artur Virgílio (PSDB), que atualmente concorre à reeleição no Amazonas, em que ele afirma
“eu tenho uma profunda pena de quem não tem fé. Quando uma pessoa diz assim, ‘eu sou ateu’ ou ‘eu sou ateia’, nossa, isso me faz imediatamente orar por essa pessoa. Que o espírito deve estar pobre. E a arrogância pode estar muito alta.”
A entidade analisará a melhor atitude a tomar, a ser postada nesta mesma seção em breve.
A Aliança Francesa nos enviou ontem um convite para a palestra da jornalista francesa Caroline Fourest, “defensora dos Direitos Humanos, radical contra o fundamentalismo de todas as religiões e militante do Estado laico”. O evento contará com a participação especial da professora Roseli Fischmann, sem dúvida um dos nomes mais destacados do país quando se trata de defesa da laicidade. A associação já colaborou com ela na luta contra a aprovação da concordata com o Vaticano, conforme já relatamos nesta coluna.
Recebemos hoje convite da importante rede Liberdades Laicas para o seminário Estado Laico, Religião e Direitos Humanos, cujos palestrantes também são estrelas de primeira grandeza. Roberto Blancarte pertence à Rede Iberomaericana de Liberdades Laicas, uma entidade internacional bastante ativa no Brasil. Roberto Lorea, juiz de direito em Porto Alegre, tem escrito livros e coordenado diversos eventos importantes na área.